Videoconferências x linguagem corporal: um desafio e tanto

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Por Cris Paiva, Consultora em Comunicação*

É consenso que as interações por videoconferência são uma tendência e vieram para ficar. São muitos os benefícios do trabalho remoto, desde a agilidade dos processos à redução de custos para as empresas. E dessa forma, não há dúvidas de que as mudanças promovidas pela revolução 4.0, agora, entram em nossas vidas com força total e nos mostram que o futuro é o trabalho híbrido.

Mas, passados esses meses de uma adaptação tão rápida e desafiadora, quais dificuldades persistem? A principal são as limitações das interações por vídeo. E como suprir essa lacuna, já que esse é um caminho sem volta?

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Videoconferências x linguagem corporal: um desafio a ser superado ( Foto: Pixabay)

Trabalho com diversas empresas que precisam recorrer às reuniões online diariamente. Nesse cenário, as pessoas relatam dificuldades que vão desde a insegurança de estarem ou não sendo ouvidas até o desafio de fazerem uma interpretação mais apurada do outro, já que a tela limita a percepção da linguagem corporal.

Sim, aquelas complicações técnicas enfrentadas no início da pandemia ficaram para trás. Porém, a dificuldade de fazer a leitura da linguagem não verbal ainda é um desafio e pode prejudicar as interações. Mas, é importante que você saiba que há formas de maximizar a observação e a captação desses sinais tão importantes para a comunicação.

Os sinais que o corpo emite

Tornar a comunicação mais eficaz no ambiente digital mesmo que a leitura do outro fique comprometida. Como fazer isso? Esse é o nosso objetivo hoje.”

Cris Paiva

Em todas as situações de comunicação, nos baseamos nas expressões de quem nos ouve para nortear o caminho e a forma como vamos nos expressar. Isso, no papel de falantes. Mas, as dificuldades a que quero me referir são aquelas relacionadas à observação que fazemos de quem fala.

Quero, portanto, que você se coloque no papel de ouvinte. Imagine situações como audiências, julgamentos e até mesmo entrevistas de emprego feitas pela tela do computador. Para uma observação completa e qualificada, a análise do corpo faz bastante diferença. E isso inclui todos os elementos, ou seja, voz, corpo e mensagem.

Quando parte desse processo é prejudicada devido à redução da nossa capacidade de percepção, sabe qual é a saída? Acentuar a observação daquilo que está ao alcance da nossa percepção. A dica é observar as expressões da face e as mensagens não verbais transmitidas pela voz do falante.

Claro que a interpretação da linguagem não verbal do falante deve ser feita levando-se em consideração o contexto. É necessário compreender os reais motivos para a pessoa usar determinada expressão.

Certa vez, uma cliente me relatou que ficou decepcionada com uma colega de trabalho que teria se mostrado extremamente impaciente e ríspida enquanto ela apresentava uma solução para um problema antigo em uma das reuniões online da empresa onde atuam. Ela interpretou que a colega não havia gostado da proposta. O que ela fez? Sentiu-se inibida e acabou não colaborando mais durante a reunião.

Por sorte, essa cliente resolveu fazer uma reunião de feedback e a questão foi totalmente esclarecida. A colega disse que não teve a intenção de desmerecer a abordagem dela. Explicou que estava realmente incomodada com a demora na solução do problema em si e não com a solução apresentada pela minha cliente.

Só interpretar a linguagem não verbal sem a compreensão das mensagens e do contexto pode ser uma grande cilada. Mas, é inegável que havia um desconforto na fala da colega de trabalho da minha cliente. E esse incômodo foi denunciado pela linguagem não verbal. 

Nós, que trabalhamos com comunicação, sempre dizemos que quando há uma desconexão entre “o que se fala” e “como se fala”, a tendência é acreditar na linguagem não verbal e desconsiderar a mensagem verbal. 

Voltando ao exemplo acima. Mesmo que a pessoa dissesse, no momento da reunião, que não estava insatisfeita por motivo algum, as pessoas não acreditariam. Os sinais emitidos pelo corpo podem ser mais fortes do que as palavras que você pronuncia.

Aprenda a “ler” o outro

O caminho para enfrentar a dificuldade de leitura do outro no ambiente virtual é reforçar a análise das mensagens não verbais remanescentes – voz e linguagem facial. Mas, lembre-se de avaliar também os aspectos verbais. E, quando houver uma desconexão, esclareça a situação.

Para alguns profissionais, a leitura refinada das expressões é indispensável. É o caso de quem lida com processos como, por exemplo, juízes, desembargadores, promotores, advogados e políticos. Para eles, é essencial ter o conhecimento técnico da psicodinâmica vocal e do estudo das microexpressões faciais.

Em um artigo publicado na revista Veja, o especialista Joe Navarro, ex-agente do FBI, traz uma dica bem interessante para fazer a leitura corporal do outro durante uma interação online. Afaste-se um pouco da tela do computador para que a pessoa possa ser percebida e observada com maior precisão. Essa é uma estratégia muito válida, especialmente nas audiências e entrevistas de emprego.

São tempos de mudanças, adaptações e novos aprendizados. Mais do que nunca, a nossa habilidade de nos comunicar bem está sendo exigida e demandada. E, como você viu, há estratégias que possibilitam uma interpretação mais fiel do outro também no ambiente online. E elas são fundamentais para estabelecer uma comunicação eficiente e conectada.

Foto de capa: Pixabay

Saiba mais sobre a comunicação em videoconferência no vídeo.

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